sábado, 6 de novembro de 2010

A GRANDE VENCEDORA DAS ELEIÇÕES

Tomei a liberdade de transcrever na íntegra esse texto de Fernando Molica.

"A grande vencedora das eleições
Fernando Molica
Jornalista , escritor e editor da Coluna Informe O DIA

Ela é meio antipática e até truculenta; não tem jogo de cintura e incomoda muita gente. Seus críticos chegam a dizer que alguns corruptos dela se beneficiam. Mas não dá para negar: a Lei Seca é uma das grandes vencedoras desta eleição. Apesar de toda a barulheira de seus opositores e do tempo que volta e meia perdemos em suas blitzes, nenhum dos candidatos a presidente da República ou a governador do Rio ousou criticá-la.

Tinha tudo pra dar errado. Há muito tempo se diz que, no Brasil, leis são como as vacinas: umas pegam, outras não. Seu radicalismo assustava, a tal da tolerância zero seria, enfim, implantada entre nós. Isto, numa sociedade acostumada a perdoar muitos delitos e que via na mistura de birita e volante algo tão normal quanto a velha prática de se nomear parentes para cargos públicos.

Muita gente chiou, até mesmo aqueles que, ao retornarem de viagens à Europa ou aos Estados Unidos, enchiam a boca para ressaltar a rigidez das normas de trânsito nos países desenvolvidos. De volta ao Brasil, o sujeito elogiava tudo o que vira por lá: a seriedade das leis, a impossibilidade de se corromper os policiais. Depois, feliz com o regresso, pedia mais algumas doses e voltava dirigindo para casa.

Seria redundante citar estatísticas sobre redução de acidentes desde o início da vigência da Lei Seca; a situação, afinal, melhorou bastante. Claro que as operações de fiscalização poderiam gerar menos problemas para quem respeita a lei e só quer chegar em casa ou no cinema. Seria possível executar as blitzes de um jeito que não causasse tanto transtorno. Cabe ao governo também melhorar o transporte público, exigir mais ônibus e trens nas madrugadas e nos fins de semana. Nem todo mundo tem grana para voltar de táxi.

Tão importante quanto a diminuição das mortes é a perspectiva de que as próximas gerações não vejam como normal a associação entre bebida e condução de veículos. Todos crescemos num ambiente tolerante, ouvimos ou pronunciamos frases como “bêbado, eu dirijo melhor”. Levante o primeiro copo quem nunca pegou no volante depois de beber um pouco além da conta.

Em alguns casos, como motoristas ou caronas, escapamos de nos tornarmos vítimas. Vale lembrar: em muitas áreas da cidade, a morte violenta que mais ameaça não está relacionada à criminalidade, mas aos acidentes de trânsito. A Lei Seca tornou o país mais seguro para nossos filhos: isto não é pouco, merece até um brinde.


MUITO BOM O TEXTO!!!

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