Hoje
o assunto é uma questão que afeta a maioria das nossas cidades: a
manutenção de vias urbanas.
Como
preâmbulo, fica o registro que a mobilidade urbana não se faz apenas
com a disponibilidade de vias, ou apenas a ampliação do sistema viário, como
muitos pensam. A história mostra que essa lógica não é solução. A solução passa
por um adequado planejamento urbano, uma política de deslocamentos que não deve
ser forjada na prioridade ao transporte individual e, principalmente, no investimento no transporte coletivo. Essas premissas são essenciais para a
construção de uma mobilidade urbana saudável. Mas, uma das bases para essa
construção é uma adequada infraestrutura viária. É esse o foco deste artigo.
Muitos
são os problemas verificados nas vias de nossas cidades. Tudo começa com algo com
a ausência de planejamento urbano, ou mesmo um planejamento inadequado, que
determinam sistemas viários não funcionais. Isso sem falar na falta de controle
urbano, que também não terá foco neste texto, mas que impactam e reduzem a
funcionalidade das vias, com avanços de construções em áreas públicas, que
deveriam ser calçadas.
Mas
voltando à questão da manutenção das vias, aí incluídas as calçadas. É
questionável a qualidade dos pavimentos e recomposição dos mesmos pelas
prefeituras. Chega a ser revoltante ver o desleixo com que é tratada a
manutenção, muitas vezes a custos elevados, notadamente após o período de
chuvas mais intensas, onde por problemas de drenagem, soluções técnicas
inadequadas e baixa qualidade dos materiais empregados, obriga essas prefeituras
a fazerem a famosa “operação verão”, que nada mais é uma manutenção decorrente
dos problemas já elencados. Quero destacar, como exemplo de desleixo, obras de
recapeamento, onde as tampas de poços de visita de redes fluviais, ou mesmo de
outros serviços, ficam desniveladas, como no conjunto de fotos abaixo. É
inadmissível esse desleixo, para não dizer outra coisa. A Engenharia brasileira dispõe de capacidade técnica, de profissionais e tecnologia para evitar isso. Só falta uma gestão adequada. Além disso, compromete a drenagem. A declividade
da pavimentação é desconsiderada, o que vai suscitar uma rápida
depreciação, por ocasião da presença de chuvas. Essa situação prejudica a todos os usuários, inclusive do transporte coletivo urbano.
Outro
problema é a total incompatibilidade dos cronogramas de manutenção com
operadores, públicos e privados, de outros serviços como fornecimento de água e
rede de esgoto, empresas de telefonia, dentre outras, que fazem intervenções no
sistema viário para realizarem seus serviços e deixam esses locais ou sem a
recomposição do pavimento, ou fazem uma recomposição de péssima qualidade. Não
raramente se observa um jogo de “empurra” sobre a responsabilidade pela
recomposição do pavimento entre uma dada prefeitura e essas empresas de
serviços. O resultado é pavimento mal feito, inadequado e até mesmo com comprometimento
estético.
Mas
a responsabilidade é do gestor municipal. Responsabilidade de realizar com
competência, responsabilidade com o bem coletivo e com o erário público e
capacidade de interlocução técnica, e até mesmo jurídica com essas instituições
de serviços públicos. População, órgãos de fiscalização e até mesmo
profissionais da Engenharia têm que se engajar na cobrança dos gestores
municipais. E as eleições municipais estão por vir. Coloquemos esse
questionamento a esses gestores.
Artigo by IVAN CARLOS CUNHA
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