
O congestionamento nas cidades é um dos problemas urbanos mais apontados pela sociedade. Suas causas são as mais variadas possíveis e as responsabilidades cabem a usuários, autoridades, enfim, a todos que direta ou indiretamente participam do trânsito.
Mas a questão que quero levantar é o que representa o carro justamente para essa sociedade.
Sem dúvida alguma o status que representa "ter" um veículo é algo que extrapola as questões racionais. Não raro, jovens e não tão jovens assim, ao possuírem um automóvel têm, nessa "conquista", um prazer que somente uma teoria froidiana pode explicar.
Boa parte dos aprovados em vestibulares de instituições superiores ganham um veículos, ou de "promotores" desses vestibulares, ou de seus próprios pais, dando uma uma conotação de que esses jovens não podem ir à universidade "de ônibus".
As peças de publicidade para venda de veículos passam uma glamurização somente vista nos antigos comerciais de cigarros, hoje proibídos.
E essa "adoração" que boa parte da sociedade tem, faz com que tenhamos taxas de ocupação baixíssimas, "entupindo" nossas vias com mais e mais veículos. Somente em Recife, houve um aumento de 14.988 automóveis licenciados no último ano.
As soluções reivindicadas são sempre para resolver o fluxo de automóveis nas ruas das cidades e não para resolver a necessidade de transporte da população, à luz da acessibilidade e mobilidade, universais e democráticas.
Portanto, enquanto não se mudar essa cultura do "culto ao automóvel", infelizmente não haverá solução ou mesmo redução dos problemas de circulação nas cidades.