domingo, 7 de março de 2010

O QUE REPRESENTA O CARRO PARA A SOCIEDADE?


O congestionamento nas cidades é um dos problemas urbanos mais apontados pela sociedade. Suas causas são as mais variadas possíveis e as responsabilidades cabem a usuários, autoridades, enfim, a todos que direta ou indiretamente participam do trânsito.

Mas a questão que quero levantar é o que representa o carro justamente para essa sociedade.

Sem dúvida alguma o status que representa "ter" um veículo é algo que extrapola as questões racionais. Não raro, jovens e não tão jovens assim, ao possuírem um automóvel têm, nessa "conquista", um prazer que somente uma teoria froidiana pode explicar.

Boa parte dos aprovados em vestibulares de instituições superiores ganham um veículos, ou de "promotores" desses vestibulares, ou de seus próprios pais, dando uma uma conotação de que esses jovens não podem ir à universidade "de ônibus".

As peças de publicidade para venda de veículos passam uma glamurização somente vista nos antigos comerciais de cigarros, hoje proibídos.

E essa "adoração" que boa parte da sociedade tem, faz com que tenhamos taxas de ocupação baixíssimas, "entupindo" nossas vias com mais e mais veículos. Somente em Recife, houve um aumento de 14.988 automóveis licenciados no último ano.

As soluções reivindicadas são sempre para resolver o fluxo de automóveis nas ruas das cidades e não para resolver a necessidade de transporte da população, à luz da acessibilidade e mobilidade, universais e democráticas.

Portanto, enquanto não se mudar essa cultura do "culto ao automóvel", infelizmente não haverá solução ou mesmo redução dos problemas de circulação nas cidades.

Um comentário:

  1. Boa reflexão Ivan. Gostaria de corroborar com seu raciocínio, pontuando que nossa sociedade credita que as pessoas só estarão "inseridas na sociedade" quando da posse de um automóvel, e o pior, fazem com que elas nunca estejam satisfeitas com o carro que possuem. Quem não tem carro quer qualquer um, ao obter o fusquinha 68, o cara começa a pensar no gol 82, depois no palio 2002, depois no fox 2008, depois no gol 2010, depois num fusion, audi, i30, etc. E essa compulsão não tem dia nem limite pra acabar, simplesmente porque nunca estamos satisfeitos com o carro que temos.

    Uma das coisas curiosas e que talvez explique essa veneração, seja a importância que se ganha (status) quando se tem um "bom" carro. Porque será que o pedestre tenha que correr ao atravessar a rua e não o condutor reduzir a velocidade? Porque será que o pedestre tem que esperar na esquina para fazer a travessia e não o condutor espear que ele atravesse primeiro? Porque será que quando o semáforo abre para os veículos os pedestres precisam correr, pois as "máquinas" poderão lhe atropelar?

    Falta educação para o trânsito, e muito!

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